Nas ruas da vida-capítulo II

A chegada do sofrimento


Dias passaram, meu pai tinha morrido, e até mesmo a minha irmã mais nova, a Mila já conseguia notar isso, minha mãe havia enterrado o remanescente do dinheiro da indeminização do meu pai, talvez para que ajudasse no futuro, na minha formação, eu via o sofrimento dela para colocar pão na nossa frente, minha mãe era uma grande guerreira, acordava-me bem cedo para os campos de cultivo.
Dois anos passaram-se levando com eles a minha infantilidade, eu já tinha 12 anos, o Tomás 10 e a Mila 8 anos, nesses dois anos fui vendo a força da minha mãe caindo como água num desfiladeiro, minha mãe estava cansada de sofrer, tanto que no povoamento, já chamavam-lhe nomes, foi ai que ela começou a meter-se no alcool.
Minha mãe tornara-se uma mulher diferente, tomada pelo alcool, lembro me de ver ela voltar em uma sexta Feira, e na chegada dela, um clima sóbrio sentia-se em casa, Mila chorando, ela derrubando coisas, o bom dela é que não nos agredia, pelo contrario, aconchegava-nos, apesar de a fome estar a roer nossos intestinos, pois raramente ela cozinhava.
Tudo ainda era suportável, até o dia em que ela resolveu trazer um amigo branco, para casa, e com a chegada deles, um cheiro nauseabundo de Whiskey misturado com algumas bebidas locais invadiu a nossa humilde casa, faziam muito barrulho cantando. Chegaram sentaram-se por alguns instantes, dai minha mãe foi levar a comida que havia restado, empanturraram, e vendo este cenário eu acolhi meus irmãos e levei-os para o quarto para que não presenciassem aquele cenário constrangedor, lembro me de estar a dormir e mesmo assim era inevitável o cheiro forte de “mbangui” (Cannabis Sativa) fluindo por debaixo da porta onde eu e meus irmãos tínhamos nos trancafiados, e no “background” dava para ouvir gemidos fortes, que não precisa ser adivinho para saber o que estava acontecendo.
Dias passaram o amigo da minha mãe, não saia mais da nossa casa, ele e minha mãe viviam embriagados, inalando um pó branco, que quando eu perguntava o que era, minha mãe dizia que era farinha de trigo para adultos, eu devia fazer papa para os meus irmãos. Desde ai tive que aprender a cozinhar, não só pela minha fome, mas para acalmar o choro da Mila e por vezes do Tomás que sentiam o estomago roncando como trombeta de um elefante.
A situação estava ruim, pior quando o homem começou a ver que o dinheiro da indeminização que o mantinha na nossa casa já tinha acabado, começou a violar minha mãe de todos os sentidos, batia ela frequentemente, até que um dia ela pensou em queima-lo com óleo de cozinha quente, mas a sua tentativa foi descoberta e o homem com raiva misturada com stress de falta de cocaína, espancou ela até morte, bem na minha frente com as minhas pequenas mãos tentando fechar os olhos dos meus pequenos irmãos que choravam sem fim.
Dias passaram o homem drogava-se frequentemente, e quando estivesse lúcido, sofria de stress, insultando -nos, e por vezes querendo saciar sua fome masculina comigo. Mas ele era tão acabado que eu não temia-o tanto.
Tomás, já com 12 anos, começou a não mostrar tendências de fartura pela situação, fugiu de casa, tive que procura-lo durante semanas, juntamente com a minha irmã,, até que encontrámos-o, esfaqueado num beco, onde viciados fumavam e tinha um cheiro nauseabundo de crack. Levei o para casa tratei dele e por sorte o ferimento não era muito grave. Depois de alguns dias ele já estava bom. Mas não demorou até que ele fartou-se de novo, e saiu de casa novamente, eu convicto de que ia apanha-lo no mesmo lugar, deixei a Mila em casa, fui e apanhei o no mesmo local, com sorte não demorei tanto, mas tinha demorado tempo suficiente para que o homem, o amigo da minha mãe, voltasse dos seus ways, encontrasse a minha irmã, e a perguntasse sobre comida, ela sobre efeito de infância, não soube responder, o homem com fome e fúria de falta de drogas a estrangulou até a morte, e pos-se a correr. Chegamos à casa, encontramos a situação, choramos e depois perguntei à Tomás o que iriamos fazer, ele pela infantilidade, opinou que a enterrássemos atrás da casa mas eu tive uma ideia melhor, que chamássemos os vizinhos e pedíssemos ajuda, e assim foi, os vizinhos ajudaram-nos a dar um enterro digno a nossa irmã.
Dias passaram, o homem, não aparecia, talvez porquê sabia que estava sendo procurado pela população, até que um dia apareceu, entrou na casa, Tomás não conteve-se, pôs-se a lutar com ele, até que tirou uma pistola e apontou para Tomás.!
O será que irá acontecer?

Não perca o próximo capitulo.
Qualquer semelhança de nome ou situação é um mera coincidência!

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Por Benozório Martins.

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