Análise do poema “Carregadores” de Rui de Noronha


Análise do poema “Carregadores” de Rui de Noronha


Rui de Noronha (1909), foi um poeta moçambicano, mestiço e de ascendência portuguesa que viveu durante o período colonial. É conhecido por muitos estudiosos como o precursor da Literatura moçambicana, sendo que muitos outros discordam, pois, a sua escrita contem muitos resquícios da literatura ocidental, deste a estética à temática romantista. Contudo se bem analisados, os seus textos contem traços neo-realistas, traços que rompem com o romantismo, dai que é considerado poeta de transição. O texto Carregadores, que passo a analisar, é um exemplo material deste facto:

CARREGADORES


A pena que me dá ver essa gente
Com sacos sobre os ombros, carregadíssima! ...
Às vezes é meio-dia, o sol tão quente,
E os fardos a pesar, Virgem Santíssima! ...

À porta dos monhés, humildemente,
Mal a manhã desponta a vir suavíssima,
Vestido rotas sacas, tristemente
Lá vão 'spreitando a carga pesadíssima...

Quantos, velhinhos já, avós talvez,
Dez vezes, vinte vezes, lés a lés
Num dia só percorrem a cidade!

Ó negros! Que penoso é viver
A vida inteira aos fardos de quem quer
E na velhice ao pão da caridade...

Rui de Noronha




Analise

O título “carregadores”, leva-nos a pensar que o objecto de inspiração do sujeito poético (a musa) são pessoas de uma classe social desfavorecida, pobres, que vivem na miséria, porém o sujeito poético não se inclui neste grupo social, sendo este um ponto que faz pensar no neo-realismo, o sujeito poético tem um espírito de detenção de um problema real, portanto não o encara como seu, nem se quer ajuda na resolução, apenas lamenta e denuncia.

Lirismo penoso, um aspecto presente no romantismo e assim como no realismo (pouco explorado), Constitui a principal temática deste texto, isto é, o sujeito poético fala da pena que sente das condições de vida da classe desfavorecida.

A pena que me dá ver essa gente”

Um dos aspectos que tornam Rui de Noronha um poeta com resquícios do romantismo é a estética e podemos ver isso neste texto. O texto apresenta –se em forma de um soneto (cânone clássico) .

Na primeira quadra, o sujeito poético fala da pena que sente em ver as circunstâncias de trabalho em que as pessoas de classes desfavorecidas eram submetidas durante aquele período de colonização.

“Com sacos sobre os ombros, carregadíssima! ...
Às vezes é meio-dia, o sol tão quente,
E os fardos a pesar, Virgem Santíssima! ...”


O lirismo penoso vai sendo frequente no texto, constituindo a temática mais abundante do texto, o sujeito poético fala da pena que tem dos trabalhadores das lojas dos árabes (monhés), fala da pena que sente dos velhinhos moradores de rua e no final de tudo acaba generalizando:

Ó negros! Que penoso é viver


Com este verso, vê-se claramente que o sujeito poético de uma forma geral, sente pena dos negros no geral, que naquele período, encontravam-se em situações penosas devido ao colonialismo.

Gostou?? De sugestao do proximo poema a analisar!
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