Nas Ruas da vida- capitulo I

Primeiras impressões/ Morte do pai


Olá, meu nome é Shanisseka, nome herdado dos meus ancestrais, eles nunca quiseram me dizer o que ele significava, sendo que o significado não parece muito agradável, talvez por isso muita gente opte chamar-me simplesmente por  Shany.
Eu sou da parte rural de uma grande cidade tomada por violências de todos os tipos, com marcas vivas e presentes da presença do colono português que faz se presente através do neocolonialismo e estupro racial que muitos chamam de racismo.
Apesar minha casa estar perto do cancro, o doce lar dos meus pais sempre foi saudável, dando um bem estar “premium”, para mim e para meus dois irmãos mais novos, Mila e Tomás, eu nunca percebi porque eles tinham nomes “comuns” e eu não, quando eu me chateava com isso, meu doce pai me acalmava dizendo que eu tinha uma profunda ligação com a terra, pois tinha o nome dos meus antepassados.
A comida da minha mãe era muito boa, embora alternasse de “tseke” à “matsavo”, e “mucapata de frango” em dias festivos.
Minha família era tudo de bom, eu e meus irmão eramos crianças normais, dominadas pela alegria, educadas na base do palmatorio (que resume-se num ramo da planta que da amoras) orientadas na base da dicotomia sorriso ausente-presente na face do pai.
Tudo era tão bom até ao dia em que, fiquei sabendo que as dezenas de anos de trabalho do meu pai, nas minas da Africa do Sul, não só tinham trazido para nós o vulgo “mpetxeni” (indeminização), mas também uma doença que pela infantilidade não saberia definir o que era, talvez um tipo de cancro nos pulmões, pois relatos dizem que nos momentos de trabalho ele expelia fumo pela boca como se fosse escape de um carro com problemas de filtradores.
Não demorou muito, meu pai estava muito doente, na altura cancro de polmão  não tinha cura, nem mesmo nas terras do rand onde o Inglês era um pouco bondoso muito menos em Moçambique onde o português só interessava-se pelo marfim!
Meu pai era um homem forte, como o universo, um verdadeiro rei aos olhos da Mila e Super-herói aos do Tomás.
Dois meses depois de eu assistir a minha mãe sofrer pela doença do meu pai, eu ainda era pequena mas lembro me como se fosse hoje, a imagem da minha mãe com lagrimas nos olhos,  saindo da nossa humilde casa, chamando-me e interrompendo minhas brincadeiras, eu corri até ela, me pegou pela mão e levou-me para o quarto onde estava o corpo explorado nas minas da Africa do sul, que perdia vida aos poucos.
-filha, papá está se indo!
-para onde pai?
-para “zulwine” filha!_ respondeu meu pai, quase sem força e com uma voz robótica.
-Mas papá vai voltar nem?
-Claro filha, alias sempre estarei aqui a cuidar de vocês, só que vocês não irão me ver, cuida bem dos teus irmãos, ajuda a mãe nessa tarefa _ falou meu pai, isto e uma serie de coisas que talvez eu não percebesse não só pela infância mas também pela forma ofegante e dificultada como ele falava!
-Ele está dormindo, não é mamã?
-Claro que sim filha__falou a minha mãe abraçando-me e chorando discretamente para que eu não percebesse o que estava se passando.
Meu pai era filho único vivo, os seus irmãos a terra já tinha se encarregado de engolir, ou seja ele não tinha irmãos vivos, por conta disso minha mãe teve que encarregar-se de todas as despesas fúnebres, diminuindo uma boa quantia que meu pai tera recebido pelos anos de trabalho nas minas da RSA.
Dia seguinte começaram a chegar pessoas em casa, eu não percebia muito, mas tinha uma urna no quintal da casa, enfim a infantilidade não deixa clara essa memória, só sei que era velório que foi sucedido por enterro do meu pai!.

Para onde vai a vida dessa família sem o chefe da família que por sinal é a fonte de rendimento familiar?
Não perca o próximo capitulo porque Isto ainda vai aquecer!
Não esqueça de visitar lareiradoben.blogspot.com para ler mais historias!

Por Benozório Martins.

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