A Maldição do Motel Palmar


Prólogo


Deseja ler o romance complete?? clique aqui

Março de 1996

Milangatsi acorda pelos gritos da mãe a chamando dizendo que ia se atrasar, era escuro ainda e ela estava tão ansiosa por aquele dia, pois tudo mudaria para ela.

Mila era jovem tão bonita que parecia que não existia, tinha uma cor com tonalidade única, corpo deslumbrante e com um traseiro, parecia uma deusa, muitos homens daquela zona do rio Save já haviam feitos múltiplas propostas de casamento e muitas outras de leva-la à lua que para eles confundia-se com a terra do rand, mas o sonho dela não era esse mas sim ingressar no ensino superior na velha e antiga Universidade Eduardo Mondlane, o sonho dela era cursar medicina, porém ela não possuía condições económicas para tal.


Dias antes havia recebido uma carta da sua tia que morava na Cidade de Maputo, dizendo que havia conseguido um emprego para ela, e ela devia apresentar-se o mais breve possível. Destas informações ela viu uma oportunidade de estudar e pagar a escola com seu próprio dinheiro.

Ouvindo os gritos da mãe deu-se conta que já eram três da manha hora planejada para acordar e prepara-se para abandonar Mambone. Então despachou-se acordou e dirigiu-se para o local por onde vinha a voz vivida e forte da mãe, sentia o gelado do areal da terra que estava prestes a abandonar, seguia os pés nus da mãe à sua frente que ia em direcção a palhota dos antepassados.

Entrarão então na palhota, onde encontrava-se a sua avó, uma mulher que o tempo já havia se encarregado de dar-lhe desdentadas, deixando sua mandíbula munida de ausência de dentes e da incapacidade de mastigar, tinha olhos tão embranquecidos que não se notava a pupila, haviam relatos de que havia recusado um par de óculos dizendo que eram a arma que o branco usava para estragar olhos do negro para que este não pudesse ter a oportunidade de descobrir o segredo da vida plasmada nos livros, a sua melhor arma contra a pobreza. Era evidente que ela era uma aprendiz da vida uma verdadeira biblioteca ambulante e isso foi se denotando a media que se ajoelhou num canto da palhota onde tinha um altar cheio de objectos de barro, alguns tubérculos, ossos de animais e pele de uma jibóia. Depois de uma eternidade de cinco minutos, começou a falar uma serie de palavras em sons afiricados devido à sua falta de dentes que nada se percebia quer devido a sua fala mas também devido à falta de bases suficientes e à língua em que eram ditas, enquanto isso a mãe da Mila falava na orelha dela que aquilo era uma oração para dar sorte à ela na nova vida que estava prestes a começar.


Depois terminar a oração, a velha encenou com a mão um gesto para que a Milangatsi aproximasse, mandaram tirar toda roupa e cicatrizaram algumas partes do corpo dela com uma lâmina colocando-lhe uma gosma preta que tiravam de um xicutso 2. No final a velha disse que já havia terminado, portanto os antepassados tinham dito que o futuro dela tinha muita poeira e era preciso que ela polisse na medida que o futuro batesse a porta em forma de presente.

Na verdade, aquele culto não era só para dar sorte à moça mas também para usa-la de transporte de uma maldição para sua tia que havia fugido da família no tempo da guerra dos dezasseis, influenciado por propostas aliciantes de um soldado, abandonando a família em situações de miséria.

Milangatsi saiu correndo da palhota, foi vestir-se e levar suas Swidjumbas 3 e saiu encenando o braço num gesto de despedida à toda a família.

Caminhava com pressa aquela infinidade de quilómetros camuflados por um tapete desenhado de areia delimitado por ervas parecendo uma passarela, pela qual ela ia caminhando, alias desfilando e movendo suas ancas tocando as ervas de tseke4 gigantes delimitando a passarela. A cena parecia cinematográfica com o efeito prateado emendado pelo luar.

Depois de horas caminhando, ouviu então o som da estrada, que já roeu milhares de crânios de capacetes ausentes nutrindo-se de sangue dos seus filhos criadores como os discípulos na ultima Seia, a mesma estrada que já sumiu com vidas mas que não pode ser considerada arma pois reprenta a unidade nacional e é um fio de ligação entre o Rovuma e Maputo e por mais que seja maciço no vale do limpopo e 3 de Fevereiro e não deixa de iluminar as barrigas esfomeadas com fotões de alimentos e nutrir os corpos nus com o algodão que o branco deixou.


Mila chegou a berma Estrada nacional No1, olhou para o lado do Save5, sentiu a presença da ausência do Maxibombo6, permaneceu por ali mais duas eternidades de horas e então uma infinidades de carros de matrícula vermelha que podia reduzir se em um autocarro, passou também uma ambulância à velocidade suicida, porém era comum, haviam relatos de que o que matava os doentes durante o transporte não era só as doenças muito menos a demora, mas também os Vin Diseils7, dirigindo as Dodges das ambulâncias movidos pelas migalhas de gasolina deixados pelo George Bush na Siria.
Continua...

Compartilhe e comente!


A Maldição do Motel Palmar é um novo romance que eu estou começando então não se esqueça de dar teu consentimento acerca deste prólogo, mas se preferir que eu volte com a saga “A Mulher tem Força” é só comentar ai!
Abraços!

Autor: Benozório Martins


Contactos
Tel. +258848732778



Comentários

  1. Olha só Benó já Tas num bom caminho ......prociga com seu melhor.......senhor pesador

    ResponderEliminar
  2. Olha só Benó já Tas num bom caminho ......prociga com seu melhor.......senhor pesador

    ResponderEliminar
  3. Muita força, o mundo precisa de pessoas como tu, portanto, não há motivos para desistir, mas sim prosseguir. Abraços! #Homo

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Como GANHAR DINHEIRO com FACEBOOK em Moçambique

Como Vender muito através do FACEBOOK

Análise do poema “Carregadores” de Rui de Noronha