A Mulher Tem Força (Amor Poligâmico)- Prólogo

Foto obtida No Portal Ceelt através do link

Prólogo

O sol sorriu brotando no horrizonte longínquo de um campo verde e cheio de vacas. Pássaros estremeciam a voz em seus cantos que pareciam desafinados aos meus ouvidos.
Doía-me o ventre inchado desde que o nosso marido meteu em mim a semente da vida, meus pés também doem. Já começava a ver um líquido viscoso escorrendo as minhas coxas como duas serpentes descendo um canhueiro1.
Eu senti que estava na hora, talvez um dia antes do previsto mas isso não fazia diferença, afinal de contas o principal requisito sentir essa dor é ser mulher..
Doía muito, tanto que me invalidou os membros inferiores, impedindo me de andar, senti as primeiras contrações nas costas. Chamei o meu filho Madina e pedi para ir em busca do pai que com certeza estava em outro casebre com com a minha irmã mais nova. Com medo, por ver-me tão transpirada, e quase escalando as paredes de areia comendo caniço, saiu correndo e foi chama-lo. Logo que ele viu o Madina desesperado, se apercebeu do que estava a acontecer.
Chegou o meu marido, junto com a minha sogra e as parteiras, mais conhecidas por magoni2

Minha sogra, coitada dela, fazia tudo para os filhos mas em troca só recebia palavras pejorativas que sugavam o seu sono como uma sanguissuga ou pulga atrás da orelha, mas o que uma mãe nao faz pelos filhos?!
Antes de tudo e de mais nada, mandaram o meu marido e filho saírem.
Uma daquelas velhas com filosofia da vida, começou a lançar um liquido que parecia água em todo quarto cantando uma canção que todas entoavam com alegria.
Colocaram-me de barriga para cima e pernas afastadas, por sinal a mesma posição em que tudo começou e tiraram a minha saia, deixando-me nua e com o ventre parecendo uma montanha, tanto que privava-me de ver as velhas do outro lado.
Senti as segundas contrações, uma delas falou: "u fiquile nkama"3, o liquido escoria em meu ventre, saindo e descendo como as águas do rio Incomáti, só que dessa vez com mais abundância. Doía muito, disseram-me para forçar, eu ia forçando, quase sem forças, até que ouvi um choro de bebé e umas vozes dizendo “hi wansati”. Não doeu tão quanto nas primeiras duas vezes, mas a dor não ultrapassava a dor que senti quando perdi o meu primeiro filho.
Limparam-na e entregaram-me perguntando o nome que queria dar.
-Maria, ela vai chama-se Maria, como mãe de Jesus de que os missionários tanto falam.
Continua…

Isto é uma Estória, então qualquer semelhança de nome ou sequência de acontecimentos é mera coincidência!

Grossario

canhueiro1: Sclerocarya birrea mais conhecida por Marula.
magoni2: Idosas sábias de uma certa região.
"u fiquile nkama"3: [ufikilen'kama] expressao de citshangana que significa "chegou a hora"

leia aqui para ler o primeiro capitulo

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Por Benozório Martins
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O meu parceiro Fernando Absalão, está trabalhando em um conto acerca do novo hit de KRS confira aqui

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